Hoje Sánchez terá um primeiro contacto com Biden, tendo Marrocos e as tarifas como pano de fundo

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O Presidente do Governo, Pedro Sánchez, e o seu homólogo americano, Joe Biden, realizarão esta segunda-feira em Bruxelas um primeiro encontro que os ajudará a conhecerem-se e lançar as bases para o que Moncloa espera que possa ser um relacionamento pessoal próximo, dada a convergência em muitas questões.

O encontro será o primeiro contato entre ambos, já que Biden não ligou para Sánchez como fez com dezenas de outros líderes internacionais após sua chegada à Casa Branca em 20 de janeiro, e o presidente do Governo não foi um dos líderes que convocou o democrata após a sua vitória nas eleições de 3 de novembro nos Estados Unidos.

Este facto não foi esquecido pela oposição que, liderada pelo PP, tem criticado repetidamente a falta de diálogo do Governo com Washington e a sua perda de relevância na cena internacional.

O Governo tem defendido a todo o momento que não havia problemas com Washington e que a relação entre os dois países era forte e fluida. Se a ligação não ocorreu, disse a ministra das Relações Exteriores, Arancha González Laya, no final de abril, foi porque Biden estava “focado em sua agenda doméstica”, limitando os seus contactos com os líderes de outros países “ao que é mais urgente ou essencial”.

Assim, esta sexta-feira, Sánchez elogiou quem será o seu interlocutor, destacando que em poucos meses se tornou uma “referência mundial” principalmente porque permitiu superar “muito do confronto” que seu antecessor, Donald Trump, semeou.

Neste sentido, o Presidente do Governo destacou que ambos os governos partilham “agenda progressista e verde” e confiou que o encontro será “uma excelente oportunidade para nos conhecermos, falarmos pela primeira vez e continuarmos a fortalecer os laços muito positivos que temos entre a Espanha e os Estados Unidos”.

MARROCOS E O SAHARA

A reunião realiza-se num contexto de tensão com Marrocos. Como Rabat finalmente reconheceu, o crise diplomática entre os dois países Tem a ver com o Sahara Ocidental e não com o acolhimento por razões humanitárias do líder da Frente Polisário, Brahim Ghali, em Espanha para tratamento da COVID-19.

Marrocos quer que a Espanha siga os passos dos Estados Unidos, que, com Donald Trump ainda no comando, anunciou em 10 de dezembro o reconhecimento da soberania marroquina sobre o Sahara Ocidental, em troca do restabelecimento das relações do reino com Israel.

A chegada de Joe Biden à Casa Branca não alterou essa posição no momento, o que parece ter encorajado Rabat a pressionar outros países a imitá-los, como também é o caso da Alemanha.

Nos últimos meses, Washington reafirmou a importância que atribui à sua relação com o país norte-africano. Assim, com a entrada em massa de migrantes em Ceuta no dia 18 de maio, Blinken falou com o ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino, Nasser Bourita, reconhecendo o “papel fundamental” de Rabat na “promover a estabilidade na região.”

Nesta mesma semana, o Departamento de Estado voltou a falar da crise entre Espanha e Marrocos e também do reconhecimento do Sahara como marroquino, sem que se registem quaisquer alterações para além do facto de o seu porta-voz, Ned Price, ter dito que "não há continuidade " mas “diferenças profundas” com a administração anterior.

Não obstante, Price insistiu que os Estados Unidos “são parceiros” de Espanha e Marrocos, evitando assim comentar a crise entre os dois, e garantiu que “não há nada a acrescentar” relativamente ao reconhecimento do Sahara.

A força da relação entre Washington e Rabat também foi confirmada pela realização em Marrocos – juntamente com o Senegal e a Tunísia – das manobras militares Africa Lion 21, as principais realizadas no continente pelo Comando Africano dos EUA. Apesar de certas informações que sugeriam que parte do evento teria lugar no Sahara Ocidental, isso foi finalmente negado.

TARIFAS DE PRODUTOS ESPANHOLOS

Por outro lado, em 15 de maio, os Estados Unidos anunciaram a imposição de uma tarifa adicional de 25 por cento sobre uma série de produtos espanhóis depois de chegar à conclusão de que o imposto sobre serviços digitais aprovado por Espanha é discriminatório e prejudica os interesses comerciais dos EUA.

Entre os produtos que seriam afetados estão artigos de couro, como cintos e bolsas, além de calçados, vidrarias de interior, camarões, camarões, camarões ou polvos congelados.

No entanto, Washington decidiu suspender o seu pedido por 180 dias para dar tempo às negociações sobre tributação internacional no âmbito da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), decisão que o Governo espanhol comemorou, confiando que a referida negociação termine com sucesso e a suspensão possa ser definitivo.

ATAQUES À IMPRENSA PELO GOVERNO

Outro ponto de certo desentendimento entre os dois países ocorreu no final de março, após a publicação do relatório sobre a situação dos Direitos Humanos no mundo elaborado anualmente pelo Departamento de Estado.

Nela, entre outras coisas, alertava sobre a “múltiplos” ataques verbais por parte do Governo de Espanha contra “certos meios de comunicação e jornalistas específicos”. Ele também alertou sobre os “repetidos ataques contra a mídia por parte do partido Vox”.

Entre os ataques que detalhou está o de 1º de março de 2020, quando Sánchez acusou a mídia “conservadora” de “agitar a sociedade” todas as vezes “os conservadores perdem uma eleição”, e o ex-segundo vice-presidente do Governo Pablo Iglesia afirmou que a imprensa crítica ao Governo “ofendeu a dignidade do jornalismo”.

Da mesma forma, o documento afirmava que a corrupção “é um problema no país”, com casos que “ultrapassam fronteiras partidárias, regionais e municipais” e uma acumulação "significativo", apesar do facto de “os tribunais terem continuado a processá-los independentemente da pressão política”.

O Governo minimizou a importância do relatório – que, no entanto, tem sido frequentemente utilizado pelos partidos pró-independência no Parlamento –, afirmando que Espanha é uma democracia e que Em nenhum momento o documento indica que sejam cometidas violações dos direitos humanos.

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