França: a maioria a favor de uma moção de censura que derrube o governo

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Uma pesquisa recente realizada pela Ipsos para A Tribuna em Novembro de 2024 lança luz sobre o apoio dos cidadãos franceses a uma possível censura parlamentar contra o governo de Michel Barnier, com surpreendentes 53% de entrevistados favoráveis ​​a esta medida. A pesquisa, baseada na pergunta: “Você quer que o governo de Michel Barnier seja censurado pela Assembleia Nacional, o que automaticamente causaria a renúncia do governo?”, revela divisões significativas entre os apoiantes dos principais partidos políticos em França.

Resultados globais: um país dividido

A pesquisa mostra que 53% dos entrevistados apoiam a censura, divididos entre 28% que respondem “Sim, totalmente” e 25% que respondem “Sim, bastante”. Pelo contrário, 47% dos cidadãos opõem-se, com 31% a dizer “Não, prefiro não” e 16% “Não, de modo algum”. Estes resultados reflectem uma clara polarização da opinião pública relativamente à gestão do actual governo.

Análise por filiação política

Um dos aspectos mais interessantes da pesquisa é a segmentação das respostas de acordo com as simpatias políticas dos respondentes:

La França Insoumise (LFI): 88% de apoio à censura:

Os apoiantes deste partido de esquerda radical lideram o apoio à censura, com 51% a responder “Sim, totalmente” e 37% “Sim, mais parecido”. Isto reflecte a sua forte oposição ideológica ao governo de Michel Barnier.

Europa Ecologia Les Verts (EELV): 55% de apoio:

Os ambientalistas mostram um apoio mais moderado, com 24% a favor da censura “completamente” e 31% “bastante”.

Partido Socialista (PS): 73% de apoio:

Os socialistas também manifestam um apoio significativo à censura, com 40% a responder “Sim, totalmente” e 33% “Sim, bastante”.

Renaissance-Horizons-MoDem (coalizão presidencial): 15% de apoio:

Como esperado, os apoiantes da coligação governante rejeitam maioritariamente a censura, com apenas 15% de apoio. 43% respondem “Não, de jeito nenhum” e 42% “Não, de jeito nenhum”.

Les Républicains (LR) e União dos Democratas e Independentes (UDI): 17% de apoio:

Os partidos tradicionais de direita também se posicionam contra a censura, com apenas 13% a responder “Sim, totalmente” e 4% “Sim, bastante”. Em contraste, 46% respondem “Não, de jeito nenhum” e 37% “Não, de jeito nenhum”.

Reunião Nacional (RN): 67% de apoio:

Os simpatizantes da extrema direita mostram um apoio significativo à censura, com 41% a responder “Sim, totalmente” e 26% “Sim, mais parecido”. Este resultado evidencia o seu descontentamento com o governo de Barnier, apesar de partilharem certas posições nacionalistas.

Interpretação e possíveis implicações

Polarização ideológica

Os dados reflectem uma forte polarização ideológica em França, onde os extremos políticos – esquerda radical (LFI) e direita populista (RN) – estão unidos na sua rejeição ao governo de Barnier. Por outro lado, a centro-direita e os partidos ligados à coligação governamental permanecem fiéis ao Executivo.

O papel da Assembleia Nacional

A possibilidade de uma censura efectiva depende não só do apoio dos cidadãos, mas também da correlação de forças na Assembleia Nacional. Embora a pesquisa reflita os anseios dos cidadãos, a decisão final ficará nas mãos dos deputados.

Desafios para o governo de Barnier

Com apoio limitado mesmo entre sectores tradicionalmente conservadores, o governo de Michel Barnier enfrenta uma pressão crescente para justificar a sua gestão e apaziguar tanto os cidadãos descontentes como os partidos da oposição.

 

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